sexta-feira, 18 de março de 2011

Mário Quintana, Os Arroios; BH, 0180302011.

O arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando entre as pedras.
Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!
Dão vau aos burricos,
Às belas morenas,
Curiosos das pernas das belas morenas.
E às vezes vão tão devagar
Que conhecem o cheiro e a cor das flores
Que se debruçam sobre eles nos matos que atravessam
E onde parece quererem sestear.
Às vezes uma asa branca roça-os, súbita emoção
Como a nossa se recebêssemos o miraculoso encontrão
De um anjo...
Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.
Os rios tresandam óleo e alcatrão
E refletem, em vez de estrelas,
Os letreiros das firmas que transportam utilidades.
Que pena me dão os arroios,
Os inocentes arroios...

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