Nunca perdi o equívoco e nunca deixei de ser confuso
E ambíguo, e equivocar-me é o
Único efeito que conheço; sou vítima e réu
Do engano, carrego uma era de divergência e
Só soube confundir-me em toda série de anos,
Que principia num grande acontecimento
Histórico: e nunca fui grande, e nem acontecimento
E nem histórico; perdi-me na divisão primária do
Tempo geológico, dividida em vários períodos,
E na errata da vida, não apresentei a lista
De erros corrigidos que se apresenta a um
Livro ou impresso; meu nome é errado, e
Sou um elemento mal comportado, desnorteado,
De espírito transviado, cérebro de errante, e
Mente de erradio; preciso de um resultado,
Que cure completamente meu ser; um remédio
Erradicante para a doença de meu ente;
Um antibiótico erradicativo, para eliminar
Total e definitivamente o bacilo que inflama
Minha entranha; arrancar pela raíz o verme
Que rói a medula do meu osso; erradicar
De uma vez por todas, a errada da minha
Estrada e a erradicação que causa o desvio
De caminho que tento seguir; hoje, já até
Perdi a fixação erótica; não sofro mais
De erotomania; acabaram-se em mim todo
Erotismo e sensualidade; já esqueci o que
É ser lascivo, sensual e erótico; nunca cheguei
A convencer uma mulher qualquer, a dividir
Comigo um ato sexual; vivo cheio de um medo
Corrosivo e o efeito erosivo é pior do que
Uma erosão real, ao desgastar o solo, pela ação
De elementos como o vento, a água, ao deixar
Ermo meu coração, possuído de solidão,
Tal terreno descampado, lugar despovoado,
Que nem erva daninha sobrevive; tudo
Que represento é de ermitão num deserto;
De eremita, que morre zelador de uma ermida,
Capela localizada para ermar; pequena igreja
Que aumenta o despovoar, o viver no ermamento;
Já sofri de eritema, inflamação da pele,
De caráter superficial e temporário e já
Quase morri de erisipela, moléstia cutãnea
De caráter infecioso e não sei por que volto
A falar nestas coisas; não servem para constituir
Uma obra; não ajudam a instituir uma verdade,
Não levam a erguer um raciocínio ou a erigir
A construção de um pensamento lógico e dialético;
Pois a burrice é de encrespar-se; é de arrepiar
A idiotice e a única coisa que faz eriçar o
Ânimo é o ódio; o eriçamento da raiva;
Quero levantar e não consigo, estou aleijado;
Quero elevar-me e o meu cadáver não deixa;
Ele é pesado demais; quero pôr-me de pé e
Perdi os pés; quero edificar uma família;
Olhar para o meu membro ereto ou erecto, mas
Não mantenho um eretismo e nem entrar em estado
De excitação; não tenho mais nada a fazer para
Ficar erétil ou eréctil, escolham; transformei-me num
Impotente solitário, uma pessoa que vive longe
Do convívio social e não serve para dar prazer
À mulher e a si próprio; quero ver-me erguido;
Mas meu verme rói meu tendão e mostrar um
Falido, cujo fálico não é suscetível de ereção;
Do erário público, do tesouro, que me suga de antemão.
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