terça-feira, 10 de maio de 2011

Nietzsche, Escravo e Idealista; BH, 0100502011.

O homem de Epicteto não agradaria certamente àqueles que hoje aspiram o ideal.
A constante tensão de seu ser, o infatigável olhar voltado para o interior, o que
Seus olhos têm fechado, prudente, reservado quando lhe acontece de se voltar
Para o mundo exterior: e também seu silêncio e suas palavras lacônicas: tudo isso
São sinais da coragem mais rigorosa - que seriam para nossos idealistas que são
Antes de tudo ávidos de expansão!
Com tudo isso, ele não é fanático, detesta a comicidade e de jactância de nossos
Idealistas: seu orgulho, por maior que seja, não quer, contudo, incomodar os outros;
Admite uma certa aproximação benevolente e não quer estragar o bom humor de
Ninguém - ele sabe até mesmo sorrir!
Há muito de humanidade antiga nesse ideal!
Mas o mais belo é que lhe falta totalmente o temor de Deus, acredita estritamente na
Razão e não exorta a penitência.
Epicteto era um escravo: seu homem ideal não pertence a qualquer classe e é possível
Em todas as condições sociais, mas deveremos procurá-lo sobretudo nas massas
Profundas e inferiores, onde será o homem silencioso que se basta a si mesmo no
Meio de uma servidão geral, incessantemente em situação de defesa contra o exterior
E mantendo-se na mais elevada atitude de coragem.
Distingue-se sobretudo do cristão na medida em que este vive na esperança de
"Indizíveis felicidades", aceita presentes, espera e recebe o que há de melhor da graça
E do amor divinos: enquanto Epicteto não espera nada e não deixa que lhe ofereção o
Que há de melhor - já o possui, já o tem firme nas mãos e o defenderia contra todos
Se quisessem tirá-lo dele.
O cristianismo era feito para outra espécie de escravos antigos, fracos de vontade e
De razão, portanto, a grande massa dos escravos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário