quarta-feira, 25 de maio de 2011

Tomás Antônio Gonzaga, Lira X; BH, 0250502011.

Se existe um peito,
Que isento viva
Da chama ativa,
Que acende Amor;
Ah! não habite
Neste montado,
Fuja apressado
Do vil traidor.

Corra, que o impio
Aqui se esconde,
Não sei aonde;
Mas sei que o vi.
Traz novas setas,
Arco robusto;
Tremi de susto,
Em vão fugi.

Eu vou mostrar-vos,
Tristes mortais,
Quantos sinais
O impio tem.
Oh! como é justo
Que todo o humano
Um tal tirano
Conheça bem!

No corpo ainda
Menino existe;
Mas quem resiste
Ao abraço seu?
Ao negro Inferno
Levou a guerra;
Venceu a tera,
Venceu o Céu.

Jamais se cobrem
Seus membros belos;
E os seus cabelos
Que lindos são!
Vendados olhos,
Que tudo alcançam,
E jamais lançam
A seta em vão.

As suas faces
São côr de neve;
E a boca breve
Só risos tem.
Mas, ah! respira
Negros venenos,
Que nem ao menos
Os olhos vêem.

Aljava grande
Dependurada,
Sempre atacada
De bons farpões.
Fere com estas
Agudas lanças
Pombinhas mansas,
Bravos leões.

Se a seta falta,
Tem outra pronta,
Que a dura ponta
Jamais torceu.
Ninguém resiste
Aos golpes dela:
Marília bela
Foi quem lhe deu.

Ah! não sustente
Dura peleja
O que deseja
Ser vencedor.
Fuja, e não olhe,
Que só fugindo
De um rosto lindo
Se vence Amor.

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