quarta-feira, 18 de maio de 2011

Casimiro de Abreu, Queixumes; BH, 0180502011.

Olho e vejo... tudo é gala,
Tudo canta e tudo fala
Só minh'alma
Não se acalma,
Muda e triste não se ri!
Minha mente já delira,
E meu peito só suspira
Por ti! Por ti!

Ai! quem me dera essa vida
Tão bela e doce, vivida
Nos meus lares
Sem pesares,
No sossego só dali
Não tinha-te visto as tranças,
Nem rasgado as esperanças,
Por ti! Por ti!

Perdi as flores da idade,
E na flor da mocidade
É meu canto
 - Todo pranto,
Qual a voz do juriti!
No teu sorriso embebido
Deixei meu sonho querido
Por ti! Por ti!

Ai! se eu pudesse, formosa,
Roçar-te os lábios de rosa
Como às flores
 - Seus amores,
Faz o louco colibrí;
Esta minh'alma nos hinos
Erguera cantos divinos
Por ti! Por ti!

Ai! assim viver não posso!
Morrerei, meu Deus, bem moço,
Qual na aurora
Que descora,
Desfolhado bogarí;
Mas lá da campa na beira
Será a voz derradeira
Por ti! Por ti!

Ai! não me esqueças já morto!
À minh'alma da conforto,
Diz na lousa:
 - Ele repousa,
"Coitado! descansa aqui" -
Ai! não t'esqueças, senhora,
Da flor bendita da aurora
Por ti! Por ti!

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