quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Minha época passou; RJ, 030501997; Publicado: BH, 0100802011.

Minha época passou
E ninguém acredita em mim;
Esmolei pelo mundo a fora,
Bati em todas as portas,
Mendiguei pão e me deram bordunas;
Pedi água e me deram vinagre;
Preguei a liberdade, a harmonia
E a irmandade; preguei o perdão
E o arrependimento,
E me pregaram numa cruz;
Arrastaram-me pelas ruas,
Caí e ralaram comigo no asfalto;
Subi o morro a cambalear,
Sem ajuda e sem amparo;
Nem o gerente da boca de fumo,
Aliviou a minha barra;
E quando desci três dias depois,
Acordado do pesadelo,
Levei uma dura da polícia;
Deram-me um pau firme,
Tomaram-me o dinheiro,
Com muito tapa na cara;
Chutaram-me o saco e
Puseram-me a correr para casa,
Cheio de equimoses e hematomas;
O que mais me impressionou,
Foram os furos nas palmas das mãos:
Será que foi castigo?

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