terça-feira, 16 de agosto de 2011

O sol pode nascer; RJ, 0110501981; Publicado: BH, 0160802011.

O sol pode nascer,
Quantas vezes quiser;
A chuva pode cair,
Quando bem entender;
O vento entra,
Onde lhe der na venta;
E a estrela brilha,
Sem ninguém mandar;
Mas tu, não;
Tu tens dono,
Tens número
E tens hora;
Tu não és dono,
Nem do teu nariz;
Tu tens dono,
Não tens liberdade,
E nem és livre;
Tu nunca vais poder ser,
Como o sol,
E como a chuva,
E como o vento,
Ou como a estrela;
Tu serás sempre,
Esse verme vil,
Réptil danado e amaldiçoado,
A penar eternamente,
Sem paz e sem calma,
Sem amor e sem alma,
Pelos cantos do mundo;
A perambular pelos guetos,
Pelos esgotos e sarjetas;
A mendigar e a implorar,
Por migalhas de pão
E restos de comida;
Perdido igual porco cego,
Numa mata selvagem.

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