Um momento de lucidez,
Um só sequer;
Se sou uma pessoa de mente insana,
Longe do raciocínio e longe da razão,
Irracional de natureza,
Nascido com paralisia cerebral;
Não consigo elaborar uma frase,
Um único pensamento flui,
De mente doentia e demente;
Nada que pode se chamar lógica,
Existe dentro de cabeça sem ética;
Nada que se pode chamar dialética,
Existe dentro de cabeça tão obtusa;
Só o ar que respiro,
Dar-me a sensação que existo;
E nada mais do que nada,
De sobrevivente de país africano,
A vagar por estradas intermináveis;
Comido por mosquitos,
Debilitado pelas doenças,
Abatido pela fome,
É assim que me chamo:
Africano Flagelado e Triste;
É assim que me vejo:
Cortados em pedaços por facões,
De ditadores cruéis,
Gordos despóticos,
Nutridos autoritários;
O mundo me olha com desprezo,
Também pudera,
Nasci na África Negra,
E com meu sangue derramado,
Ajudei a construir este mundo.
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