terça-feira, 16 de agosto de 2011

Antônio Nobre, Soneto XII; BH, 0160802011.

Não repararam nunca? Pela aldeia,
Nos fios telegráficos da estrada,
Cantam as aves, desde que o Sol nada,
E, à noite, se faz sol a Lua-Cheia.

No entanto, pelo arame que as tenteia,
Quanta tortura vai, numa ânsia alada!
O Ministro que joga uma cartada,
Alma que, às vêzes, d'Além-Mar anseia:

 - Revolução! - Inútil. - Cem feridos,
Setenta mortos. - Beijo-te! - Perdidos!
 - Enfim, feliz!?! - Desesperado. - Vem.

E as boas aves, bem se importam elas!
Continuam cantando, tagarelas:
Assim, Antônio, deves ser também.

                                                       (Colônia, 1891.)

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