sábado, 24 de dezembro de 2011

Llewellyn Medina, Para meu amigo Eurico; BH, 02401202011.

Lutou uma luta sem chance de vitória
Pois já sabia que ia perder
Ainda assim lutou
Desconheceu o verme que roia suas entranhas
Desdenhou dele
Chamou-o apenas de bicho.

Armou-se com as armas de que dispunha a ciência
E atacou com as forças que fugidia humanidade lhe concedia
Quando o inimigo invencível
Pensava que o tinha feito dobrar os joelhos
Lutava com mais força ainda

Foi à rua
Ficou olhando o mar
Procurou recordar as ondas de sua juventude
Sentou-se às margens da Lagoa
Conversou com o sudoeste
Que naquele dia batia suavemente
Andou pelas ruas de botafogo
Por todas elas
Aquele era desde sempre seu território
Sua terra
Sua gente
Conhecia todas as amendoeiras
Que nfeitavam a calçada
E esquadrinhou o céu azul com seu olhar seguro

Depois procurou os amigos mais diletos
Um por um
Eram poucos, contados nos dedos
Mas não os abraçou
Conversou com eles
Como se aquela fosse uma conversa qualquer
Uma conversa de amigos diletos
Prometeu que ia visitar o mais renitente
Que iam passar uma tarde conversando
Sobre os tempos da Faculdade do Catete
E dos ensaios da Escola de Samba
E do chope nas calçadas do Amarelinho.

E a luta continuava sem trégua
Fazia apenas quatro meses que se despedia
Pois já sabia que ia perder
E não deixava que os outros soubessem
E nem o bicho que o consumia

Mas veio o dia do dia
Sorveu ainda goles de ar
Goles dados pela máquina de fazer ar
Até que sentiu que era  sua hora
E aí não se lembrou de nada
"Acabou" - chegou a dizer
E a partir daquele momento
Passou a ser lembranças vividas
No pensamento daqueles poucos amigos.

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