terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Se ando pelas ruas da cidade; RJ, 0120701990; Publicado: BH, 02701202011.

Se  ando pelas ruas da cidade,
De dia e de noite,
Não chego a sentir,
Nenhum pouco de felicidade;
A verdade me mete medo,
Fascina-me e me alucina;
A cidade é minha ruína,
Com toda a população;
Vivo sozinho,
Não conheço ninguém
E ninguém me conhece;
Até parece que,
Sou um ser doutro espaço,
Um ser do além,
Um sobrenatural;
Pois tudo que, vejo aqui,
Só me faz mal:
Pobreza, miséria e destruição,
Mendigos abandonados, eus;
Que, universo afligido,
Que, formação bloqueada
Asfalto e concreto armado,
Assalto à mão armada,
Alucinações urbanas;
Falta de ar e de árvores,
Poluição visceral,
E vago neste mar infernal,
De dia e de noite,
Sem hora para parar;
E posso até a vir morrer afogado,
Se não souber nadar;
Pois as chamas me queimam
E me fazem afundar;
Mais e mais vou ao fundo
E à tona não posso mais voltar;
O peso da minh'alma,
É maior do que o peso,
Do meu deslocamento espiritual;
E não boio neste enxofre,
Sou consumido pelo ácido;
Não plaino neste vácuo,
Que me oprime e despreza,
Que me explora e discrimina,
Que me decapita e decepa,
Que me disseca vivo,
Em plena luz do dia;
E lança meus dejetos
Na atmosfera poluída.

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