segunda-feira, 19 de março de 2018

O que parece-me é que a minha mente é farinheira; BH, 0110502004; Publicado: BH, 020302013.

O que parece-me é que minha mente é farinheira
Mente de mulher que faz vende farinha cabeça de
Vasilha em que se guarda farinha pensamento de
Pó a que se reduzem os cereais moídos ideia de
Pó em que se convertem certas sementes raízes
Depois de trituradas deste crânio nada se aproveita
Do esqueleto moído só com a faringotomia a incisão na
Faringe devido a faringoplegia a paralisia da faringe
Cavidade músculo-membranosa situada entra a
Boca a parte superior do esôfago por onde passará
O esqueleto para a faringologia com tratado de faringografia
Descrição radiografia da faringocele, condivertículo
Da parede muro do faringo a inflamação da
Faringite todo o complexo faríngeo só se farinar
O osso do esqueleto só se reduzir converter em farinha
Para poder passá-lo por onde não deve a fécula
Com aspecto de farináceo que contém tudo de relativo
Da natureza de farfante qualquer vento espalha
A moinha de fanfarão a palha de gabola pergunto
De que vale o andar campanudo? de que vale o furo
Bombástico? de que vale estar com enfeites excessivos?
Ou com ar garrido? semblante vistoso? vaidade de farfalhoso?
Já viste teu esqueleto refletido no espelho? antes do farfalho
Antes do ato de farfalhar penses no que virá no futuro
Fanfarrice ostentação espalhafatosa farfalhice são
Coisas da vaidade fogo-de-palha farfalhento
Deve ser o riacho farfalhante deve ser o vento
Outra vez ornatos vistosos exagerados são coisas de
Defuntos em velórios ou para serem enterrados
Farfalheiro deve ser o ribeirão farfalharia farfalheira
Farfalhada é coisa de cascata cachoeiras regatos
Quando caem dos lajedos nas pedras o farfalhar é
O que a brisa faz ao passar entre as folhagens para
Rumorejar em algazarra com bandos de borboletas
Farfalhão é o azulão com seu cantar raro farfalhador é
O voo da maria-preta farfalhona que tenta acompanhar
O rumorejante poético da natureza rumor de tantas
Maravalhas farfalhas ruído semelhante especialmente
Ao da folhagem das árvores sob a ação do vento
Bagatelas de poesia aparas de poemas limalha farfalha
Palavreado oco coisa de pouca monta farelório de
Embriagado descamação furfurácea da pele
Insignificância serradura de madeira tudo
Volta ao farelo à parte grosseira da farinha
De trigo que fica depois de peneirada resíduos
Grosseiros de cereais moídos dentro de mim
Farelhão solitário pequeno promontório ilhota escarpada
Tudo são sarcófagos farelentos depósitos de múmias
Cadáveres abundantes em farelos solidão que
Produz muita farelagem porção de insignificância
Água com farelada para os porcos da burguesia
Natureza de farelacio para os porcos da elite farejo
De miséria farejar de pobreza cheirar à desgraça pois
Não conseguimos nos desfazer delas tudo que se aplica
A nós é mais propriamente de animais o seguir
O acompanhar levados pelo faro o aspirar do
Cheiro da podridão social o procurar por meio
De olfato o fardo que nos oprime o descobrir o vulto
Do meu na penumbra o adivinhar o embrulho
Grande pesado que o destino quer nos oferecer
O examinar o pacote da vida o esquadrinha carga para aprender a suportar o sofrimento
O trabalho da sobrevivência não é um fardete
Ou o pequeno fardo da oligarquia pois o nosso é de
Tonelagens nós estamos aí degala ou de
Fardeta, de farda de soldados ou do que vestem
Os que entram de faxina nós estamos aí
De casacos de trajes a rigor ou de fardelagem
De criadagem ou de fardagem de recrutas não
Queremos é ser bagagem da classe dominante nosso
Fardel é de independência de liberdade nosso saco
De provisões para pequena viagem é cheio de
Esperança nossos fardéis são de providências sociais
Nesta reunião de fardos nossa roupagem nossa
Trapagem tem que ser despida de nossas múmias os
Nossos cadáveres desamarrados de nossas costas e
Esquecidos nas esquinas de nosso passado e fardar só
De futuro vestir a farda do presente vestir o
Uniforme do além o fardamento da eternidade

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