Acorrentado num lugar no espaço
E ratos feios grandes me devoram
A carne e me roem os ossos e
Pulgas gigantes e morcegos
Sobrenaturais me sugam o sangue
E não encontro um meio de fugir
Desses bichos medonhos e já estou
Uma poça de sangue só e sanguessugas
Sedentas me entram pela boca e
Pelos ouvidos e pelos olhos e pelo
Nariz e polvos nojentos me chupam
Os poros e estou acorrentado e têm
Fome e os vampiros têm sede e os
Urubus me arrancam cada naco de
Carne a pensar que já sou carniça
Ou carcaça maior do que o universo
Ou sucata indefinida e gotas sujas
De meu sangue pingam pelo espaço e
Cada vez mais chegam outros predadores
Aos milhares que me comem vivo
Ainda como se fossem hienas a rir
Sem me esperar morrer e comem
Meus vermes domésticos e entram
Para o meu estômago e são germes
Metálicos de tridentes afiados e que
Fazem barulhos infernais e não
Consigo me livrar das correntes que
Prendem-me e estou acorrentado
Num lugar no espaço e a noite é
Terrível e o sono é horrível e o
Sonho é terror e pesadelo e quero
Acordar mas os ratos comeram o
Meu sono e roeram a minha cama
E os lençóis viraram pulgas e quero
Gritar mas o meu grito virou
Morcego e todos me destroem e
Vejo assombrações a se apoderar de
Mim e depois tudo escurece de
Novo e um rato entrou em minha
Cabeça e roeu os meus pensamentos.
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