Vejo essas figuras cegas
Obtusas caricaturas escuras
Que andam pelas ruas dos
Bairros que andam pelo
Centro da cidade escarram
Em qualquer lugar vomitam
Pelos cantos e vejo isso tudo
E não me vêem e não nos
Vemos uns aos outros e
Olho esses bonecos e olho
Esses palhaços sem vitrines
E sem circos e de pernas
Bambas e barrigudos ofegantes
E resmunguentos e enxergo
Isso cada animal grande e
Bruto e grosso e imbecil e de
Ignorância maior do que a
Barriga e vagabundeiam
Pelas ruelas e becos e só
Faltam devorar uns aos outros
E não sei ainda como não
Chegaram ou como não
Chegamos a esse ponto mas
No dia que isso acontecer para
Mim não vai ser novidade e
Nem vai ser surpresa e esses
Búfalos falantes e esses cavalos
Bípedes e esses burros risonhos
De risos boçais sem saber porque
E vejo essas figuras e sinto pena e
Vivem sem amor e vivem sem paz
E às vezes até choro porque não
Viram gente e porque não viramos
Gente e talvez seria melhor mas
Que vergonha pela preferência
De ser assim e temos medo da
Vida e temos medo de ser felizes.
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