terça-feira, 1 de março de 2011

José Severiano de Rezende, O Jararacuçu; BH, 01°0302011.

No fundo da horta existe, e há tempos já, vizinho
Ao poço e ao capinzal, um jararacuçu,
Que ao meio-dia em ponto à cerca vem, sozinho
A esgueirar-se por entre uns soutos de bambu.

Gente que o viu colear nas moitas, de mansinho,
Diz que ele mora num grosso taquaruçu,
E sempre vai até à beira do caminho,
Mole, a aquecer ao sol ardente o dorso nu.

Se alguém o assanha, o bicho, hírto e arfante, arma o bote,
Esgargala-se, cresce, e parte, num pinote,
Precípite, a investir, rábido, a língua no ar.

E as mais das vezes, como uma rodilha enorme,
Em bolo, junto à entrada, à canícula dorme,
Longo tempo tranquilo e manso, a modorrar.

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