quinta-feira, 3 de março de 2011

Estou sempre enrabichado com esta mania de; BH, 080102002; Publicado: BH, 030302011.

Estou sempre enrabichado com esta mania de
Todo santo dia, escrever uma santa poesia profana;
O rabicho que trago em mim é este, esta mania
De apaixonar-me assim, de enraiar um enredo e
De pôr raios numa roda e nunca pretender
Enraivar, mostrar ato e efeito de enredar uma intriga,
Dar luz a um mexerico e fugir da série de
Acontecimentos que constituem o argumento
De um romance, peça teatral, filme, mas que
Não venha causar raiva; tornar um assunto
Raivoso a todos que tomam ensinamentos;
Não venham a encolerizar-se, não venham a
Enraivecer-se com o enraizado da questão;
Sou um inveterado e abri o peito para enraizar
Nele as minhas imperfeições; nele enraizar o mal,
Criar raízes de defeitos; ao arraigar os preconceitos sem fim
Do bem, não sentimos nenhum enramamento; não
Vemos nada do bom enramar; parece que ele vem
Cobrir-se e ornar-se de ramos para esconder-se
De vergonha; já enrascada por maldade;
Deixar em apuros o semelhante, sempre, e fazer
De tudo para aumentar a complicação de outrem,
Com armadilha e enrascar de traição; apanhar
Em rasca e rede o pobre descuidado; enganar por
Prazer, como um pobre diabo, que torce em complicar,
Em embaraçar o justo, e metê-lo cada vez mais
Enredado e em buraco, que tem aspecto de rede,
Mas não tem fundo e nem fim, é um emaranhado
Complicado e comprometido com a mentira
E a falsidade; é difícil enredar a verdade;
Não é como um coelho na rede; não é como um
Simples emaranhar, tal ligar um fato ao outro;
Ao ignorante, só cabe o intrigar, mexericar com a
Ignorância, intrigas e complicações; e diante dos
Fatos e dos boatos, paro no engerelamento ao causado
Pelo medo da morte; a covardia acelera o congelamento
Do coração e a congelação do sangue; e se por
Ventura enregelar o cadáver, a pensar na salvação, acorda
Que será em vão; congelar não salva nem a carne;
Resfriar a carne não leva ao enricar; há o que
Sabe se enriquecer por cifras, mas não sabe enrijar-se
Na hora do perigo; a água rude quebra o rochedo
Rijo;  então, é aprender a  fortalecer-se pela poesia;
A robustecer-se pela inspiração e assim enriquecer,
Tornar-se rico sem um tostão e melhorar na vida
A condição e abrilhantar sem ter luz própria e num
Ser brilhante; engrandecer ao ser menor do que
O átomo; enriquecimento é isto; não enrijecer a
Alma, enrijar o espírito e viver  sem razão; nasci
Para ir eternamente no encalço de uma poesia; para
Mim quero é perseguir de perto um poema e enrabar
Uma obra mesmo que não venha imortalizar-me;
Desde que ela impeça-me de quizilar a vida que
Levo e ajude-me a evitar de enquizilar a vida
Dos outros, porém, todas estas coisas têm que aconteer
Comigo; tudo já está escrito e que também já escrevi; e
Se aconteceu e acontece, é por que tinha, tem e
Terá que acontecer; não tem jeito; deixei enquistar e
Tornar quisto meu gesto; enquanto tudo continua
No lugar; no tempo em que o tempo passa e não
Para, passo a passo continua por ora a atender
Às regras e aos regulamentos; um dia caminharei
Para ajustar-me ao destino, eu mesmo irei castigar-me
E punir-me, enquadrar-me a um contexto, saber
Que passarei sem ter o que pôr em quadro; e nada terei
De mim para emoldurar; nem meus ossos darei
Para enquadrar: virarão cinzas lançadas às fumaças...

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