No meio do temporal tateei cada gota d'água
Que desabava das paredes impermeáveis do firmamento
Das colunas inoxidáveis que sustentam os céus
Escrevi com meu sangue no fluido as histórias de colecionadores
De bens tesouros riquezas cifras notas moedas
Porém os loucos como nós meus infinitos eus
Colecionamos outras eternidades outros para sempre
Porvir insondáveis universos metáforas medição do
Tempo que faz o grão virar rocha a rocha virar pedra a
Pedra virar pedreira a pedreira virar montanha a
Montanha virar cordilheira numa evolução da espécie que
Darwin não previu nunca estou ao pé dum mesmo rio
À encosta duma mesma montanha ou a latejar num
Mesmo universo tudo em mim a todo momento se
Move de lugar muda como uma muda enraíza-se na terra
A gerar florestas matas virgens intermináveis
Matagais cada árvore não é a mesma árvore a
Folha a mesma folha a flor a mesma flor o fruto o
Mesmo fruto nada é o mesmo nada nem o tudo
É o mesmo tudo mas a roda errante do universo pelo
Espaço é certa cronometrada intransferível nós os
Loucos meus entes indecifráveis nós meus espíritos
Perturbadores esquizofrênicos colecionamos o quê?
Como? colecionamos vendavais em desertos tempestades
Solares Auroras Boreais colecionamos as cores das
Cores das cores das cores do amanhecer do amanhecer
Colecionamos as cores das cores das cores das cores
Do entardecer do entardecer chuvas nas madrugadas
Prolongadas pela preguiça do dia em acordar a noite
Para não espantar a poesia colecionamos sussurros
Suspiros soluços de fontes virginais remansos de
Estradas vicinais de passeios lunares por trilhos
Terreais sombras que correm a se esconderem
Por detrás dos montes monstros dinossauros titãs
Gigantes que avistamos ao longe quando fechamos os olhos
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