terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

"Originais", RJ/1980, Detesto viver neste clima de ditadura; Publicado: BH, 0250202020.

Detesto viver neste clima de ditadura
De medo e de insegurança totais e 
Vivo neste clima de medo e de 
Insegurança e de fobias e intranquilidade
E ando pelas ruas com medo de tudo
E com medo do todo
E com medo do nada
E o coração a palpitar no peito
E o sangue a gelar nas veias
E as pernas a tremer
E o sobressalto ao ver uma sombra
Em qualquer esquina
E o susto ao ver um vulto
A se aproximar por detrás ou por diante
E detesto realmente temer as coisas e a natureza
Gostaria de segurança
E de me sentir seguro
E de andar por qualquer lugar
A saber que todo mundo
É igual a mim
É gente igual sou
Gostaria de andar por aí
Sem pensar na ditadura
Sem pensar em assaltos
Sem pensar em sequestros
Em mortes e desaparecimentos
E outras coisas mais
Gostaria de falar com todas as pessoas
Sem desconfiar de ninguém
E ir embora para a casa
Feliz da vida
Sem pensar em torturas
E por estar a voltar vivo
Com saúde e paz no coração
E no mundo todo
E detesto o medo e a fobia
A insegurança e a intranquilidade
E as violências e as brigas e as agressões
Gosto de ver todo mundo firme e com coragem
Para enfrentar esta vida até o fim
E derrotar esta ditadura sanguinária.

3 comentários:

  1. Tempos sombrios que ainda não nos tirou do conforto das poltronas.

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  2. Nós encontraremos um bom caminho, ainda acredito nas pessoas. Ninguém em sã consciência quer viver assim.

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  3. Pois é, tio. Estamos ficando doentes de tanto horror. Violências, ameaças, censuras. E agora o risco de que o golpe fique ainda mais claro. E eu me pergunto: qual o tamanho da milícia de Bolsonaro?

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