Quando a noite chega
E me pega desprevenido
À margem da vida
Sem nada no estômago
Sem nada no bolso
Num mundo estranho
E me sinto pequenino
E bem menor
Do que uma molécula
E me sinto frágil
E bem mais frágil do que sou
Vago pelo vácuo
Da minha inexistência
Dessa noite que chega
Escura de trevas
E me pega nu
No meio da rua
Sem um raio de lua
E sem trazer para mim
Um facho de luz
Sou um marginal noturno
Vou rodar a noite toda
Vou rodar a noite toda da vida
Sem um pedaço de pão
Para furar o estômago
Sem um travesseiro
Para amassar a cabeça
Para quebrar a cabeça
Para descansar a cabeça
Sou um fantasma plano
Sou um fantasma plano nu
No meio da rua
Numa noite assombrada
Que entra em meus olhos
Olhos fantásticos
E me envolve o corpo
A alma e o espírito
E a me abalar o ser
E até a minha sombra
Se perde na sombra
Viro uma silhueta
Viro um vulto
Quando a noite chega.
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