segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ai quem me dera se; BH, 0280602000; Publicado: BH, 0260902011.

Ai quem me dera se,
Fosse um arcador honrado,
Um operário honesto que,
Nas fábricas de chapéus, seleciona
O pelo, a prepará-lo para a fula;
Porém, não passo dum arcado,
Arqueado no peso da ignorância e
Curvado pelo peso da obscuridade;
Não conheci o clacisscismo do arcadismo,
A influência literária das arcádias
E o que há de acádico em mim,
São só os meus erros eternos;
Minhas falhas infinitas,
Que se tivesse de contá-las,
Contaria e contaria, sem
Jamais chegar ao fim;
Melhor teria sido se,
Recebesse uma arcabuzaria na cabeça;
Uma troca armada de arcabuzeiro,
Para esfacelar meu cérebro derradeiro;
Uma descarga de arcabuzes, fuzilaria
E nada sobraria desta cabeça sombria;
Chama o melhor arcabuzeiro fabricante ou
O indivíduo armado de arcabuz;
Chama o batalhão, a manga,
Todo o regimento para me arcabuzar,
Matar-me a tiros, acabar comigo,
Fuzilar-me; e espingardear
Com tanta ignorância e imbecilidade,
Só um arcabuzamento inevitável,
Uma arcabuzada sem fim;
Ai de mim, malgrado meu,
Não mereço continuar a viver,
Sem romper a condição
De ser arbustivo e de ser
Este arbustiforme rupestre.

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