terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tudo que escrevo é um anfiguri; BH, 0º10902000; Publicado: BH, 0200902011.

Tudo que escrevo é um anfiguri,
Tem um trecho e um discurso,
Feitos para não serem entendidos,
Para não serem inteligíveis;
Nada escrevo que seja compreensível
E todas as minhas peças literárias,
São desordenadas e sem sentidos;
Escrevo sempre em caráter anfiguríco,
Tenho o vício e o uso excessivo,
Do anfigurismo crônico;
É um defeito anfigurítico incurável;
Peço ajuda a deusa Anfitrite,
A deusa do mar na mitologia pagã,
E ela ri de mim; e transforma-me
Num afítropo, num óvulo soldado
Em parte ao funículo
E não aprendo nem um anfíbraco,
Um pé de verso grego ou latino,
Que tem uma sílaba longa
No meio de duas breves;
E da mesma forma que me perco,
Na tentativa de encontrar o anfímaco,
O outro pé constituído duma sílaba
Breve, entre duas longas;
Mas, nem sob o efeito da anfetamina,
Que é a denominação genérica de certo
Grupo de psicotrópicos, consigo,
Ser um prefixo anfi, que exprime
Ideia de dualidade, de ambos
Os lados, em uma outra parte,
Como o anfíbio ou o anfígamo;
E vivo ao redor de mim, a atuar
Em volta do anfíteatro, e a jogar
No anfídromo, nesta anexite aguda,
Com inflamação do anexo,
Especialmente de trompas e ovários;
E assim como esta infecção generalizada,
É tudo que sei escrever.

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