sexta-feira, 23 de setembro de 2011

João Cabral de Melo Neto, Fogo no canavial; BH, 0230902011.

A imagem mais viva do inferno.
Eis o fogo em todos seus vícios:
Eis a ópera, o ódio, o energúmeno,
A voz rouca de fera em cio.
E contagioso, como outrora
Foi, e hoje, não é mais, o inferno:
Ele se catapulta, exporta,
Em brulotes de curso aéreo,
Em petardos que se disparam
Sem pontaria, intransitivos;

Mas que queimada a palha dormem,
Bêbados, curtindo seu litro.
(O inferno foi fogo de vista,
Ou de palha, queimou as saias:
Deixou nua a perna da cana,
Despiu-a, mas sem deflorá-la.)

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