sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Meu Nietzsche anticristo; BH, 0201202010; Publicado: BH, 0230902011.

A maior parte do tempo que passei foi a de desempregado
Do tempo e é por isso que mato o tempo a lançar
Palavras ao vento; velho vento que ninguém
Sabe donde veio e nem para aonde irá; velho
Vento a levar velhas palavras, desde a primeira
A ser dita, até a última gerada e que já sai
Envelhecida, engessada pelo reumatismo
Nas articulações; velho universo e dizem  que
Só tem alguns bilhões de anos, de palavras,
De sons, ecos e caos; velhos velhos sem
Esperanças, que têm as aposentadorias
Abocanhadas por todos; velhas oligarquias,
Velhos políticos que nem as operações plásticas,
Os botoxes e outros truques conseguem renovar;
Velhas religiões, a prometerem a neófitos carolas,
Céus e paraísos; velhas igrejas modernas,
Todas com contas correntes em bancos, (que grande
Incongruência, que maior hipocrisia, casamento de bancos
Com igrejas), com tecnologias avançadíssimas para
Que sejam depositadas as indulgências e as ofertas
Medievais que garantirão a salvação dos fiéis;
Novos pastores com velhas práticas e não
Se acanham e nem se envergonham,
Pois sabem que o Deus deles também
Não está nem aí para as velhas manias,
Que eles defendem em novos altares,
Púlpitos brilhantes, cheios de luzes e de
Refletores ofuscantes; ainda bem que 
Tenho um Nietzsche anticristo vivo lá em
Casa, no fundo do quarto escuro, na aurora,
Com janelas trancadas, enjaulado, a uivar,
Que fala com sons cavernosos, a esmurrar
Paredes e muros, e que me mostra todo
Dia, Zaratustra a passar de costas,
No fundo do monte em chamas...

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