A obra é de pedra bruta
De diamante não lapidado
Não é parenta nem prima da
Matéria não se encontra em nenhum
Estado elemento ou organismo
Está fora do ar do eixo da
Casa não está à mesa no prato
No simulacro na fumaça ou na
Névoa a obra está onde não está
No ontem no hoje no amanhã a
Voar de época em época de geração
Em geração pelos séculos dos
Milênios a obra faz careta usa uma
Máscara muda de face transplanta
O rosto contorce a cara carrega o
Semblante olha com olhos de
Indiferença que dói mais do
Que uma facada no peito
A obra é um defeito um tempo
Imperfeito nem todos a desejam
A obra voa de madrugada à
Noite não pousa num repouso
Não pousa num ombro num
Dedo duma mão ansiosa a obra
É serelepe uma lebre saltitante
Uma águia em rasante a
Nos entregar a caça que não
Soubemos caçar a perdemos do
Laço para nunca mais voltar
Arrebatada pelo universo
É de novo reencarnada pelo
Infinito como num cometa
Que vai ao fim da eternidade
Só noutra posteridade que
Estará de volta nas garras
Duma nova águia peregrina
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