sábado, 12 de outubro de 2013

Mário Quintana, Antologia Poética, Confessional; BH, 01201002013.

Eu fui um menino por trás de uma vidraça - um menino de aquário.
Via o mundo passar como numa tela cinematográfica,
Mas que repetia sempre as mesmas cenas,
As mesmas personagens.
Tudo tão chato que o desenrolar da rua acabava me parecendo
Apenas em preto e branco, como nos filmes daquele tempo.
O colorido todo se refugiava, então, nas ilustraçãoes dos meus
Livros de história, com seus reis hieráticos e
Belos como os das cartas de jogar.
E suas filhas nas torres altas - inacessíveis princesas.
Com seus cavalos - uns verdadeiros príncipes na
Elegância e na riqueza dos jaezes.
Seus bravos pagens (eu queria ser um deles...)
Porém, sobrevivi...
E aqui, do lado de fora, neste mundo em que vivo,
Como tudo é diferente!
Tudo, ó menino do aquário, é
Muito diferente do teu sonho...
(Só os cavalos conservam a natural nobreza.)

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