sábado, 26 de outubro de 2013

Ronaldo Polito, Cacto.

Em mim o tempo agarrou
o princípio da distância,
seu engenho de silêncio.
Alheio por dentro às arestas,
cada uma com seu tanto de espinhos
rijos ou móveis em estado de ataque.
Soldado ao sol e enterrado vivo
como um espantalho beligerante,
indefeso ao mais cálido machado.
Solo seco, sem artifício algum,
por baixo contínuo roer de pedras,
toda essa água retomada por um fio.
Intangível coluna, cordão de isolamento,
com rugas incidentais em arrepio
cravo uma flor na hora noturna.

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