Tão de leve principia
Que em nada, quando começa,
Lembra o calor de seu dia,
Armado de tanta pressa.
Armado de nervos, quinas,
Um ardor de mil arestas,
Capaz de aguçar esquinas
No inferno de suas festas.
Inferno puro: sem mais
Entendimento que o guarde
– Livre de incêndios e sais –
Na memória, cedo ou tarde.
Ali se impõe, bem ali
Ostenta sua oficina,
Como um cego que sorri
Do zero em sua retina
E outros zeros cultivasse
No vão dos ossos, na pele,
Em cada curva da face,
Antes que o tempo revele
Que é todo feito de zeros
Mesmo o maior dos embates,
A própria vida, seus meros
E minúsculos engates.
Nenhum comentário:
Postar um comentário