Há falta duma sensibilidade, Há uma suspeita no ar, o que foi
Que aconteceu? morreu-se a
Surpresa, o inusitado não
Surpreende a mais nada;
Há um banalismo perverso, um
Comportamento pernóstico, todos
Fingimos aceitar tudo e a
Não perceber nada; há uma
Embriaguez unânime, um
Entorpecimento, uma falta de
Indignação; tortura-se nas
Prisões, somem-se com pessoas,
Concedem-se habeas corpus a criminosos,
Assassinos, estupradores, sequestradores,
Espiona-se mais do que na guerra
Fria e ninguém fala nada; e
Invadem outros países, sem total
Consentimento, ou autorização
Da ONU, Organização das Nações Unidas;
Condena-se sem provas,
Atropelam-se os direitos, ferem-se
As liberdades individuais e as nossas
Democracias ruem-se; aumentam-se
Os campos de refugiados e de
Flagelados e marchamos firmes
Ao abismo, nada nos detêm; acabou-se
O que era doce, a utopia, a percepção,
Acabou-se a intuição e o que teima,
É a estupidez, o que perpetua-se, é a
Ignorância, a brutalidade, e não temos
Mais convicções, nem nos instintos; há
Um vago sabor amargo de decepção no ar.
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