Negro raiou quando o sol no morro
Escondeu-se, negro batucou, negro
Cantou, quando o dia morreu, a noite
Chegou e o negro viveu; viva eu, cantou
O negro, o samba de ocasião, viva eu
Na roda de bamba, que o samba é
Coisa de negro, de batucada que
Meninada não entra; mulatas de balaios
Nervosos em polvorosa colocam a malandragem
E os malandros mais espertos chegam perto
E quem risca o chão sem deixar
Riscado, é o bom malandro sorteado;
O samba só é samba num único
Lugar, que as outras vozes queiram
Desculpar; podem até imitar, mas,
Fazer samba, igual faz o Rio de Janeiro,
Isto é difícil de se imaginar; e para
Representar esta grande nação, é
O samba nas palmas das mãos;
Na escola, na mesa do bar, na
Madrugada, em qualquer lugar
O negro que cantar samba, vai raiar;
O negro raiou, quando o sol no morro
Escondeu-se , vai meu samba, transforma
A sociedade, Noel, Cartola, Candeia,
Filósofos de eterna mocidade, que
Os discípulos e noviços, querem imitar
Com curiosidade, é só no samba que
Se pode cantar com a liberdade; e Preto
Velho Benedito já dizia, tem uma
Voz que vem lá da Bahia; vamos respeitar
O samba é samba no terreiro, em qualquer lugar.
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