sexta-feira, 12 de abril de 2019

Antigo XLII, Favela que cresce; Publicado: BH, BH, 03001102011.

Favela que cresce
No alto do morro
Sem amor
Sem socorro
Esconde marginal
Esconde malandro
Esconde trabalhador
Tem capoeira
Tem barraco velho
De janela quebrada
Favela amada
De bambas
De sambas
Nasceu sozinha
Sem culpa de ninguém
Sem Deus
Sem política
Se elevou soberba
No alto do morro
Tem escola de samba
Escola de malandros
Favela que cresce
No alto do morro
Com liberdade
Sem prisão
Longe do mundo
Longe de tudo
Vive revoltada
Do modo como é tratada
Mas vive assim mesmo
A cantar seu samba
A viver a vida
Que Deus lhe deu
Favela escura
Sem luz
Sem água
Sem trabalho
Sem problemas
Favela oblíqua obscura
Que cresce no alto do morro
Resiste sozinha
Não tem socorro
Que no seu interior
Ainda quer o amor

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