terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

José Saramago, Água azul; BH, 0210202012.

Altos segredos escondem dentro da água 
O reverso da carne, corpo ainda. 
Como um punho fechado ou um bastão, 
Abro o líquido azul, a espuma branca, 
E por fundos de areia e madrepérola, 
Desço o véu sobre os olhos assombrados.
(Na medida do gesto, a largueza do mar 
E a concha do suspiro que se enrola.)
Vem a onda de longe, e foi um espasmo, 
Vem o salto na pedra, outro grito: 
Depois a água azul desvenda as milhas, 
Enquanto um longo, e longo, e branco peixe 
Desce ao fundo do mar onde nascem as ilhas.

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