segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Florbela Espanca, Lágrimas ocultas; BH, 0200202012.

Se me ponho a cismar e outras eras 
Em que ri e cantei, em que era qu'rida, 
Parece-me que foi noutras esferas, 
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida 
Que dantes tinha o rir das primaveras, 
Esbate as linhas graves e severas 
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago... 
Toma a brandura plácida dum lago 
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma, 
Ninguém as vê brotar dentro da alma! 
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário