terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Alphonsus de Guimaraens, Initium; BH, 0280202012.

Tanta agonia, dores sem causa, 
E o olhar num céu invisível posto… 
Prantos que tombam sem uma pausa,
Risos que não chegam mais ao rosto… 
Noites passadas de olhos abertos, 
Sem nada ver, sem falar, tão mudo… 
Alguém que chega, passos incertos, 
Alguém que foge, e silêncio em tudo… 
Só, perseguido de sombras mortas, 
De espectros negros que são tão altos… 
Ouvindo múmias forçar as portas, 
E esqueletos que me dão assaltos… 
Só, na geena deste meu quarto 
Cheio de rezas e de luxúria… 
Alguém que geme, dores de parto,
- Satã que faz nascer uma fúria… 
E ela que vem sobre mim, de braços 
Escancarados, a agitar as tetas… 
E nuvens de anjos pelos espaços, 
Anjos estranhos com as asas pretas… 
E o inferno em tudo, por tudo o abismo 
Em que se me vai toda a coragem… 
“Santa Maria, dá-me o exorcismo 
Do teu sorriso, da tua imagem!” 
E os pesadelos fogem agora… 
Talvez me escute quem se levanta: 
É a lua… e a lua é Nossa-Senhora, 
São dela aquelas cores de Santa!

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