sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

José Saramago, Em violino fado; BH, 0240202012.

Ponho as mãos no teu corpo musical 
Onde esperam os sons adormecidos. 
Em silêncio começo, que pressente 
A brusca irrupção do tom real. 
E quando a alma ascendendo canta 
Ao percorrer a escala dos sentidos, 
Não mente a alma nem o corpo mente. 
Não é por culpa nossa se a garganta 
Enrouquece e se cala de repente 
Em cruas dissonâncias, em rangidos 
Exasperantes de acorde errado.
Se no silêncio em que a canção esmorece 
Outro tom se insinua, recordado, 
Não tarda que se extinga, emudece: 
Não se consente em violino fado.

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