quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Manoel de Barros, Ninguém; BH, 01º0902011.

Falar a partir de ninguém faz comunhão com as árvores
Faz comunhão com as aves
Faz comunhão com as chuvas
Falar a partir de ninguém faz comunhão com os rios,
Com os ventos, com o sol, com os sapos.
Falar a partir de ninguém
Faz comunhão com borra
Faz comunhão com os seres que inciden por andrajos.
Falar a partir de ninguém
Ensina a ver o sexo das nuvens
E ensina o sonoro das palavras.
Falar a partir de ninguém
Faz comunhão com o começo do verbo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário