terça-feira, 10 de novembro de 2015

Definitivamente preciso duma letra; BH, 0260602013; Publicado BH, 01001102015.

Definitivamente preciso duma letra
Definitiva, para formar uma palavra
Indefinitiva; uma palavra só, infinita
E as demais palavras, todas, não
Seriam mais necessárias; com uma
Letra que seria um símbolo, uma
Palavra, quereria a senha, a pôr fim
Aos mistérios; mas no palheiro do
Paiol onde está perdida a agulha, as
Letras são indefinidas e infinitas; no
Paiol do armazém de munições, as
Palavras estão cansadas; as bocas não
As pronunciam e os pensamentos
Não as pensam; os pensamentos
Saem sem palavras, as palavras sem
Letras, as letras sem símbolos, os
Símbolos sem sinais; não ouve-se
Nenhuma vibração, nas nuvens,
Silêncios; todo aquele que procura
Uma lágrima amiga para matar a
Sede, encontra fonte de mágoa, um
Pote de rancor, uma moringa de
Raiva, uma talha cheia de bebida
Que não pode ser aproveitada, pois
Foi bebida doutra talha de ferida;
Cicatriz de mim, arrancada da pele,
Tatuagem de osso envelhecido;
Vestido sim inda de carne fresca, a
Pele pendurada ao sol para secar,
Maturar, curtir; o sol pendurado
No firmamento, agarrado ao azul; só
Eu que não tenho cores, guardado
Dentro do prisma, espero a luz
Passar por mim, triunfantemente.

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