sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Passei minha pele nesta folha de papel; BH, 020702013; Publicado: BH, 01301102015.

Passei minha pele nesta folha de papel
Nela deixei meu suor a seborreia que
Se juntou com a sujeira o óleo a
Gordura que por fim ensebaram
Estas linhas profanas a folha agora
Está encardida não é mais alva
Como a neve virgem santa é uma
Folha filha da puta estuprada
Seviciada que está grávida do
Estuprador o feto não quer nascer
Para não matar a mãe terá que ser
Abortado passei minha face
Neste rosto a caricatura não
Ficou registada como uma
Relíquia não se transformou
Numa obra de Caravaggio
Num auto-retrato de significado
Valor as letras recusam-se a
Formar palavras as palavras
Relutam para não formarem
Sentenças o que paira no abismo
Entre estas linhas é a inexistência o
Aspecto que permaneceu foi o
Nada uma cara anônima como é
Moda agora na multidão a
Folha de papel que teve as
Folhas duma face esfregadas
Nela não assumiu as folhas da
Face não refletiu o rosto não
Reproduziu a cara o semblante o
Ar de alguém que tenha olhos
Nariz boca ar apagou-se a luz
Do quarto escuro mais escuro o
Quarto ficou o ser sem rosto foi
Envolvido palas sombras dos rostos

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