segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Empacado aqui neste domingo nebuloso; BH, 0200502017.

Empacado aqui neste domingo nebuloso
Com águas pluviais a misturarem-se com
Águas fluviais águas lacrimais com
Águas de corizas nasais todos os poros
Corporais choram fluidos sensoriais as
Dores existenciais as flores morrem nos
Caules acompanham os mortos dos
Velórios aos enterros quem ontem
Desfrutava vida hoje desfruta morte no
Desterro estrangeiro estranho dos idos
Passageiro do destino incongruente
Faz o coração cruel destilar fel o
Fígado opilado a destilar sangue venoso
O mundo é virtual com tudo a iludir o
Astronauta descuidado o argonauta
Que perdeu a astúcia a sagacidade
De onda em onda à deriva pela cidade
Formada de simulacros de oásis miragens
Fictícios de desertos reais físicos
Que cada um faz questão de preservar
No coração a pensar-se um titã um
Talos um ciclone um ciclope um
Polifemo um furacão um tudo posso
Naquilo do meu poder da minha
Potência justiça da minha vontade
Um o universo sou eu acabou-se
Quem pensava diferente desfaz-se
Em água a carne em cinzas em cima
Da mesa os ossos de marfim do
Esqueleto da caveira de sorriso eterno

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