Muita gente poderosa já me botou para correr Numa assopradura forte num assopramento bruto muita Gente já me deixou a tremer de medo de Covardia muita gente já me fez perder a Condição de homem de ser humano Perante ao meu pai perante à minha Mãe perante a muitas outras pessoas A muitos outros amigos muita gente já Fez-me de gato sapato já deu-me tapas Na cara já deu-me murros na cara como a Ditadura que passou a mão na minha bunda,
Deflorou-me seviciou-me sodomizou-me Com medo nunca tive coragem de reagir minha covardia Nunca me deixou tomar atitude de homem à altura Que deveria tomar qualquer outra pessoa ao levar Um tapa na cara um murro no rosto um soco no Nariz ou ter a bunda apalpada pelos generais Muita gente quis me assorear produzir Assoreamento em meu caminho obstruir com Barras a minha passagem como se fazem com os Rios muita gente quis encher de areia meu Ventilador não me deixou assossegar ficar Sossegado no meu canto ia sempre um me Dava um chute toda vez que queria só Sossegar queria só brigar corria não era Lamarca Feito galinha choca de quintal pois não era Marighella
Tinha a disposição de Prestes de deixar ninguém
Assovelado não tinha a coragem de deixar Todo mundo em forma de sovela picado Furado espicaçado irritado deixava Era a me assovelar a me espicaçar a Irritar-me corria para casa a gritar mamãe Debaixo duma verdadeira assoviada duma Grande assoviadeira dum verdadeiro Assoviado que se tivesse moral nunca mais De casa saía quando aparecia na rua outra vez Lá vinha logo um para me assovinar picar-me Furar-me com sovina ou com canivete ou pedaço De arame a estimular aos outros me espancarem A me baterem enquanto se divertiam com a Minha cara pois isso acontece até hoje ainda não Aprendi a me assubstantivar inda não me Dei o caráter de substantivo que por si só se Designa a própria substância ainda não sou O que subsiste como a cor que pega sem Precisar de fixador inda não tenho nome Não tenho a palavra pela qual sou nomeado Ser denominado ideia até hoje não Soube me substantivar os meus inimigos Todos conhecem a minha fraqueza Não sei o que pode me assungar me puxar Sungar da lama da podridão Não sei como fazer para ser assuntível Suscetível de ser assumido pela sociedade Sem ser execrado em praça pública Ninguém me assume como amigo me Adota como colega não sou assuntivo a Não ser para ser assunto de matéria ou De objeto de depreciação de que se trata mal Tema versado no que é para abominar Atenção para o que for a versar para humilhar Argumento de que não sirvo para Acompanhar para ser acompanhado Isso faz de mim um ser não assurgente Um ser que não surge que não se ergue Que não fica aprumado remontante Que só sabe se esconder em vez de assurgir Vivo em infinito estado de assustoso tudo Causa-me susto tudo me mete medo É por isso que preciso duma asta de algo Que serve para fazer recuar os bois bravos Os touros ferozes jungidos contra mim pronto Fernando Pessoa enfim viste um ser humano o Qual procurava nunca havia encontrado
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quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Muita gente poderosa já me botou para correr; BH, 0250702000; Publicado: BH, 03101002013.
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