Quero ser a vítima do apedrejador
A maria madalena de quem nunca pecou
O alvo daquele que apedreja rancor
Quero ser apedrejado em praça pública
Ferido por todas as pedradas das putas
Todas as pedras da história da pedra lascada
Caiam em cima de mim pré-histórico
A pedra bruta o cascalho não lapidado
A entulhar encher de pedras miúdas
As pálpebras as pestanas embotadas
As retinas empedradas de concretos
Toda a vacância do meu espaço a
Apedregulhar todo o meu ser assombrado
Apedrar minhas lágrimas de pedreiras
Guarnecer de pedras o meu choro
No paredão garanto que nem assim
Acabarei com o apedeutismo no crânio
Que me derrota o ânimo de penugens
A ignorância crônica infinita
Que me torna apedantado na eternidade
De ar pedante que na posteridade
Cada vez mais me faz jazer na rusticidade
Apedantar o meu semblante desassemelhado
No meu rosto apedicelado de cara ralada
Que tem pedicelo na face obscura
Que tem pedúnculo na lata amassada
A imagem refletida no espelho esfacelado
É dum ser apático abatido no salto do vão
Uma figura insensível invertebrada
A silhueta que veio do frio na espinha
A apatizar o meu corpo apaulado de herege
Paludoso de espírito treposo nas nuvens densas
Pantanoso d'alma lamacenta imunda
Lameirosa de mente lodosa de chorume
Geradora de lodo sem sabedoria superior
Para apavonar o pensamento de espantalho
Enfeitar como se fosse roupas espantosas
De várias cores como as penas orgulhosas
Que fazem o empavonar do pavão na tempestade
Que caia sobre mim como trovão de raios
Todas as pedras das montanhas rochosas
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