Sou um apanhador no campo minado
Não o que colhe o fruto maduro
Não o que colhe a fruta no pé
Mas o que apanha da sociedade
Aquele que apanha da burguesia
Leva apanhadura da elite
Vive de apanhamento do governo
Apanhado de todos os políticos
Sou um apaniguado da marginalidade
Um sectário do desemprego
Capanga da miséria
Comparsa da pobreza
Meu espírito é apanhadiço
Apanha facilmente de tudo
Trago dentro da cabeça
Marcas de toda apanhação
Hematomas equimoses
Cicatrizes manchas roxas
Toda sequela aparecida
Efeito colateral
Tudo que apareceu
Ainda não morreu no esquecimento
Ficou aparelhado para não se esquecer
Preparado para não desaparecer
Arreado como uma síndrome
Duma esquizofrenia incurável
Disposta sobre o cérebro
Que nunca vai ficar consertado
Enfeitado para uma solução melhor
O dia em que for
O que arranja o necessário
Para o trabalho o aparelhador
Que dispõe-se é aparelhável
Aparentado como ânimo
Que tem parentes com a euforia
Não desviado do caminho
Longínquo como a preguiça
Remoto tal a falta de interesse não
Afastado da realidade
Distante da fonte de vida
Deixarei de ser o apartado sem perspectiva
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