Um passarinho pousou e
Cantou na janela do meu quintal:
Pic, pic; abri a janela para ver, era
Nietzsche a saldar o
Arrebol; que pássaro cheio de garbo
E é ave do paraíso, é
Canário da terra, é cardeal?
E que canto filosófico, que
Sopro de flauta doce, que sopro
Perfeito de trompa tão
Afinada; é Zarathustra a assobiar
A canção preferida que o
Vento gosta de dançar;
Vós, ó pássaros que cantais as
Canções que saltam das alturas
E que descem pelos penedos,
A serenarem os mares mais revoltosos; ó
Nietzsche dançarino, Zarathustra
Patinador dos gelos cinzentos,
Bailarino irrequieto;
Beijais as relvas verdejantes
E nas florestas das encostas que
Margeiam as falésias,
Todos os que pisam as pedras
Fundamentais das antigas filosofias,
Sabem também dançar as nossas danças,
E cantar com os vossos pássaros
Nas alvas manhãs; pic, pic,
Faz o pássaro na vidraça
Da janela do meu quintal
E de leve para não acordar Nietzsche,
Abri a janela e voei com ele de volta
À estrela brilhante mais distante.
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