Desesperados é a barca dos desesperados à
Deriva em alto-mar é a nau dos desesperados
Sem rota no oceano desesperados é a nave
Dos desesperados fora da órbita no universo
Navegam às cegas vaga-lumes pirilampos têm
Mais luz do que os insensatos os morcegos as
Toupeiras enxergam mais os deuses que
Veneravam esconderam-se em seus montes
Morros montanhas fugiram para as suas tocas
Grutas locas cavernas aos desesperados
Restam o choque inevitável com o finito
O retorno ao caos tentaram equilibrar
Nas moléculas mergulhar na matéria
Partir os átomos fizeram dum
Tudo com todos a todos com
Eles mesmos só não fizeram por onde
Deixar de ser estúpidos desesperados
Sofrem de angústia pânico depressão
Ânsia sofrem de medo covardia temor
Horror terror enganam-se iludem-se a si
Mesmos uns aos outros desesperados
Querem ter consumos poder não existem
Quando pensam sim quando têm
Não param a um canto para refletir não
Cantam uma canção de ninar desesperados
Não têm aonde chegar desesperados
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