Do Bem Blogado
Por Francisco Frateschi
O blog publica aqui um texto terno que conta um pouco de uma amizade que o autor tem desde criancinha. Causos de uma história de dois amigos: Chicão e Lula.
A certeza é que vivo aos vinte e quatro anos um momento crucial da história do Brasil. O anúncio de Lula como ministro da Casa Civil do governo Dilma fez o país fazer barulho.
Vista como uma manobra para se safar das garras do juiz Moro, da “república do Paraná”, a nomeação de Lula como ministro, podendo ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, me parece ter como principal motivação usar a habilidade do maior articulador político do século na tentativa de lubrificar as engrenagens do país, principalmente do Congresso, das forças de esquerda, do povo brasileiro.
Desde a vitória petista em 2014, o Brasil vem emperrando sob a oposição irresponsável dos tucanos. O pedido de recontagem dos votos e a frase de Aloysio Nunes (PSDB-SP), “Não quero o impeachment, quero ver Dilma Sangrar”, mostram que a violência para destruir Dilma e o PT sobrepõem os interesses do país e do povo Brasileiro.
Somando-se a isso, entre outras coisas, os presidentes da Câmara e do Senado “fodidos’’, o reboliço começou: todos terão que se mexer e sabe por que? A jararaca saiu da toca, e quero ver quem que vai segurá-la.
O ex-presidente tem força política para desarticular o golpe/ impeachment.
Certamente, Lula trará para dentro do governo os movimentos sociais, as forças democráticas, pondo-os na cena política novamente de forma atuante.
Ao grampear e vazar o áudio da presidenta com o ex-presidente, Sérgio Moro rompeu todos os limites do estado de direito e, se Deus quiser, estará deposto em poucos dias. Ferir a Constituição e a lei assim tão descaradamente e alarmantemente não pode ficar barato, caso contrário o golpe estará instalado.
Se o juiz golpista sair de cena, o que virá? Não sei, pelo menos Lula não morreu agora como um gatinho e, lutando como um leão, o baianinho pode virar a mesa, barrando o golpe que começou a ser articulado em junho de 2013 quando a Rede Globo tomou conta das manifestações e colocou a direita raivosa violenta nas ruas, que pegou carona nos protestos contra o aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus.
Ufanistas, sem liderança, entre outras coisas pediam impunemente a volta da ditadura militar, expondo a cagada que contou com a ajuda da juventude que acreditava estar fazendo história à esquerda. Sendo irredutíveis, sem negociar, na base do “suspende o aumento ou São Paulo pára”, deu no que deu. Para quem não, sabe a passagem já aumentou, corroborando minha análise.
O medo do PT completar 24 anos (minha idade) no comando do executivo desse país continente faz as elites, não só você coxinha que foi as ruas dia 13, mas as elites geopolíticas (pré-sal), elites econômicas do Brasil e do mundo, ficarem muito incomodadas e qualquer coisa pode vir por aí.
Tenho medo, mas vou lutar com minha limitadíssima capacidade política e minhas muletas, sob a direção do meu partido, o Partido dos Trabalhadores.
Lívia, minha namorada, está na Bahia, estou em casa vivendo minha melhor fase da recuperação pós-traumática e o Brasil inteiro está um tanto apreensivo. O Jornal Nacional, com pauta golpista, chama mais atenção que essa maravilhosa nova novela, Velho Chico, minha xará.
Há 13 dias (número do meu partido), dia 04 de março, quando me internei para ser operado pela 23avez e Lula foi preso coercitivamente, tive o grande prazer de falar com o barba pelo telefone e por incrível que pareça o clima era de vitória. Eu tinha acabado de o ver ao vivo na Globo, na pequena TV do Pronto Socorro do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, enquanto esperava na maca a minha internação. Meu pai, que estava ao seu lado, ligou para minha mãe, que passou o celular para mim. Sabe o que ele disse? Que aos 70 (um dia eu chego lá) tem mais tesão do que quando tinha 25, que estava no pique, que dava duas no mínimo e me cobrou por não estar comendo ninguém.
O papo foi regado a palavrões, parece que me trata igualzinho como em 2002. Eu tinha 10 anos e fui um dos primeiros a falar com o presidente Lula, que até então era apenas Lula. “Seu amigo agora é presidente, porra, não pode mais falar palavrão na minha frente”. Eu estava no diretório estadual do PT em São Paulo, ao lado de Genoino, que ao mesmo tempo perdia o segundo turno para Alckmin Bala de Borracha. Naquele momento, alguns me olharam e eu respondi ao Lula: “Tá bom caralho, porra, buceta, puta que pariu, vai toma no cu, caralho”.
Eu sou amigo do presidente Lula. Meu pai e minha mãe são fundadores do PT e também amigos do presidente Lula (antes de mim, inclusive J ) e tenho a sensação que, aos meus 70 anos, tudo isso será uma de minhas maiores felicidades. Vou contar aos meus netos que lembro claramente desse momento histórico, do dia em que Lula foi preso coercitivamente e falei com ele, do dia que foi anunciado como ministro. Na verdade, essa é a principal motivação desse texto, quem sabe eu mostrarei aos meus netos, o resto é só vontade de me exibir mesmo: EU SOU AMIGO DO PRESIDENTE LULA!
PS: Lula é tão sábio que descobriu que todo esse cenário é apenas maquiagem para esconder um enorme projeto brasileiro ambiental preservacionista. Pensou: já que não prendem os tucanos, não vão prender a jararaca. A política brasileira está doente e é a cobra o animal que simboliza a cura.
Saúde! Saudades!
*Francisco Frateschi, 24 anos, estudante do último ano de Oceanografia da USP – Universidade de São Paulo. Em julho do ano passado sofreu um acidente automobilístico e está se recuperando desde então. Aqui, o nosso Chicão mostra que sabe falar palavrão desde criancinha e não foi o Lula quem ensinou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário