quarta-feira, 27 de outubro de 2021

José Ignácio Pereira, Ó Musa de Sintra.

Chego a pensar que foste Rapunzel
na torre de um palácio bem distante.
Então representavas o teu papel
de donzela em romance radiante.

Joga as tranças ao pobre peregrino
que passa implorando o teu favor,
pois talvez ele traz o dom divino
de cantar em verso e prosa o seu amor.

Ah, musa do romântico povoado!
Ah, sonhada esperança e sonho lindo!
Tomo-te as mãos repousando no bordado.
Dou-te um adeus e só te vejo rindo.

Hoje o cabelo beijado pelo vento
do rosto lindo é uma moldura.
Os fios de um puro sentimento
Vibram tocados só pela ternura.

Até mais nunca, ó musa serena.
Até mais breve, se a vida quiser.
Menina foste de alegria plena.
Agora és plenitude de mulher.

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