Vejo pelas ruas da cidade
Esse bando de neuróticos
Esse bando de paranóicos
A vagar para cima e para baixo
E sem destino algum
Vejo esses cegos
Esses aleijados por dentro e por fora
Esses inválidos anônimos
E vejo ainda os passos
Desses mendigos invisíveis
A pedir uma esmola
Pelo menos pelo amor de Deus
E vejo esses porcos
E esses cavalos
E pobres de espírito
A perseguir homossexuais
A atacar lésbicas
E atrás doutras presas
Vítimas do sistema
E vejo esses assassinos
E esses ladrões
Num quadro que me deprime
E me enjoa o estômago
E vejo esses corações cardíacos
A andar sobre duas pernas trôpegas
E a atrapalhar o atalho
Desses restos de humanos
E é o que vejo com visão de
Desespero nas ruas da cidade
Podridão e loucura e insanidade
Um chiqueiro com a vara possessa
Um curral com o gado global
Umas ruas duma cidade
Chamada inferno.
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