Deixa ver o que faço no compasso
E no esquadro e no transferidor e
No bico da pena da caneta e na
Ponta do lápis e não adianta me
Elogiar porque não sei cantar e
Dou um laço na linha do horizonte
E um nó nas paralelas e deixa ver
O que faço diacho e qual é o meu
Estilo de esquilo e onde é o meu
Espaço no regaço do universo e
Não precisa bater palmas e não
Agradeço à atenção e deixa ver
Minha loucura e deixa provar
Tua doçura e não precisa pedir
Autógrafo que sou analfabeto e
Não sei assinar nem o nome e
Quanto mais rubricar e ainda
Não sei nem escrever palavrão
Ou xingar em baixo calão e nem
Rabiscar indecências de menino
Depravado e deixa ver o que vou
Ser e deixa vir qualquer tempo e
Qualquer momento ou qualquer
Agora não importa a hora e nem
Precisa me mandar embora e sei
Muito bem ora bolas que já enchi
O saco do mundo e saio a voar
Avoado e saio a correr e a morrer
E não precisa me carregar porque
Sou leve e o vento vai me levar e
Pego uma carona no vendaval e
Não precisa chorar e um dia vou
Voltar e deixa ver daqui de cima
Como são as coisas aí embaixo.
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