Esta minha cabeça sem cabeça
E sem cabide e toda vazia e
Este meu pensamento sem
Pensar e pulsar e sem voar e o
Meu ser maluco e espírito
Maligno e minh'alma encarapitada
E encapetada dum corpo todo
Doido e minha pessoa em tudo
Virada ao contrário e transviada e
Ao avesso e minha vida também
Revirada e morta de relação
Maldosa e de todo mal que
Existe em mim e em cada um
Dos seres da humanidade e o ar
Azedo e o gosto de medo e de
Vibração tenebrosa e temo até o
Próprio céu desabar e temo até o
Próprio universo perder a regência
E o caos a cadência e deixar de ser
Referência de perfeição e temo
Até a própria mulher porque a
Minha cabeça doente torna-se
Invulnerável e não entra amor e
Não entra timbre e não sente
Sentido de sentimento e direção e
Não entra paz e não entra movimento
E minha cabeça fechada de caixa
Chumbada para a vida e para o
Bem e para o que é bom e para o
Que é belo e o meu mau gosto e o
Meu mau-humor e o meu mau tudo
E minha cabeça aceita e minha
Cabeça toda seca e nada arejada e
Nada oxigenada e minha cabeça
Toda dura e já decretei a minha
Decapitação e vou para a guilhotina
E vou para o cadafalso e vou mandar
Cortar esta cabeça e antes que seja
Tarde pois só quer me matar.
A poesia como expressão plena da angústia.
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