segunda-feira, 31 de agosto de 2015

MIKIO, 130; BH, 0310302013; Publicado: BH, 0310802015.

Só não morri de mentirinha ainda
Não sei porque de verdade já morri
Várias vezes toda vez que ressuscito
Num dia morro noutro para ser
Algo num dia noutro para ser
Coisa nenhuma bastei não existir
Num outro lado da não existência
Do não ser não morri pois não era
Para morrer é só ser ser a morte
Que é forte que arrasta até quem
Está amarrado no forte toda vez
Desacordado sou desencarnado
Desossado depois de dissecado no
Buraco da lobotomia fugiram todos
Os meus pensamentos escaparam as
Minhas Ideias evadiu-se a minha mente
A amnésia entrou o que era de
Lembranças recordações memórias
Tudo apagou-se encontraram-me
A vagar a comer poeira a beber chuva
Coberto de pó que transformou-se em
Lodo ferrugem na pele com todos os
Órgãos enferrujados as juntas rangiam-se
Como se fossem rilhadas por dentes afiados
Ao pisar tábuas velhas estalavam em mim
Taquaras pocavam de ressequidas folhas
Secas soltavam-se mortas vazias
Desprovidas de letras de palavras era
Livro sem páginas nunca lido não era
Esconderijo de poesias de poemas órfãos
Perdidos autor nenhum queria adotar o
Que não era uma obra-prima obra de arte
Da porta vi o caixão na mesa da sala todos
Em volta carpiam o que não estava morto

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