Não é possível estou todo a fervilhar
De febre estou em mim? não é
Possível de repente vejo-me a
Tremer estou em transe? quem sou o
Que a escrever agora neste momento?
Alguém escreve por mim? porque a
Minha mão está tão branca assim
Esta branca mão é a minha mão?
Que cansaço é este agora? cansaço
De fantasma suspiro de morto
Soluço dum último frenesi de vida
Não é possível passou durou
Pouco voltei à lucidez à cor natural
Dei uma pausa respiro normalmente
A febre passou penso no sofrimento
Do Nietzsche se pudesse ajudá-lo
A cabeça voltou a doer a apertar o
Crânio as letras ficam fora de forma
As palavras fora das linhas as frases
Saem tortas as sentenças presas sou
O mesmo encontro-me preso não
Voo não nado não danço o vento
Convida-me a deixar a vegetação
Não tenho uma praia para ir não
Tenho uma montanha minha tenho
O hospício onde ficarei internado
No mesmo catre onde ficou Arthur
Bispo do Rosário se minha cabeça
Parasse de doer teria a certeza que
Não precisaria existir não é possível
É impossível estou todo em gelo
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